Wilson Guanais
Fruto
Nos galhos secos
da árvore morta
floresceu
um ninho
Em troca de canto
alguma esperança
madura
o passarinho.
Simples
Sou estas palavras
onde me encaixo
com tudo
que tenho
Com estas palavras
organizo hortas
e chuvas
de granizo.
Sagrado
De tanto amanhecer e anoitecer
jogou no oceano a única montanha e
(jamais saberemos se não foi o contrário:
o oceano sobre a montanha)
Depois (ainda antes de ser possível
observá-lo através da espessa cortina
que não havia) súbito anoiteceu
ou amanheceu pela última vez.
Biografia
Ainda sou
mais água que areia
ainda assim
: chão fértil
onde
floresce aterrador
o silêncio
de tudo
que não existe.
Visita
Bicho noturno
o texto
chega de mansinho
de madrugada
me tira do sono
depois da cama
tenta me convencer
que merece
duas palavras.
Wilson Guanais é jornalista e publica seus poemas no Blog Cemitério de Navios